quinta-feira, 17 de novembro de 2011

DICA Voando! CASSINOS - Para aqueles que não largam mão de um joguinho

Turismo e pôquer, uma combinação que é um Royal Flush

Quando tudo dá certo, eles dedicam horas a fio de consumo físico e mental em salas fechadas, das quais saem com os bolsos forrados de dólares. Agora, em caso de derrota precoce, é hora de se lamentar, dar um sorriso amarelo e... curtir alguns dos cartões-postais mais inesquecíveis do mundo.

Cartas no mapa

 Detalhe da mesa e da tensão dos jogadores durante as competições de pôquer de nível mundial
Os principais torneios de pôquer do mundo chegam a pagar milhares de dólares para os vencedores
Pois é, o dia a dia dos jogadores brasileiros profissionais de pôquer, cuja relação com o turismo desperta momentos de amor e ódio, não parece nada mal. Entre 17 e 20 de novembro, por exemplo, será realizado em Londres, na Inglaterra, o primeiro campeonato mundial da modalidade entre seleções nacionais. As mesas, como são chamadas as partidas, serão disputadas na London Eye, roda-gigante que compõe um dos mais belos cenários londrinos.

“Acho que tenho a profissão perfeita, pois não tem tempo ruim. Ou fico feliz por estar bem no torneio ou, caso vá mal, sobra tempo para dar uma de turista e conhecer lugares interessantes”, diz Felipe Mojave, um dos sete convocados da primeira seleção brasileira de pôquer, que disputará o mundial na capital inglesa.

Vitorioso em torneios do Campeonato Brasileiro (BSOP) e do Circuito Mundial de Pôquer (WSOPC), Mojave já viajou para mais de dez países por conta do pôquer, entre eles África do Sul e Hungria. “Meus lugares prediletos são Barcelona (Espanha), Los Angeles e Las Vegas (Estados Unidos)”, conta o paulista.

Paulo Basso Jr./UOL
Praia em frente ao resort Atlantis, nas Bahamas. Muitos torneios de pôquer são disputados em cassinos ao lado das areias brancas e do mar azul do arquipélago caribenh

Disneylândia para adultos

Meca dos cassinos e sede das principais competições de pôquer do planeta, Las Vegas é também um dos destinos favoritos do paulistano André Akkari, representante da seleção brasileira que, em junho passado, ganhou o bracelete de campeão mundial individual (WSOP) de pôquer - e consequentemente, US$ 600 mil - em um torneio disputado no Rio Hotel & Casino por 2.875 jogadores.

“Embora exijam muito de nosso tempo e uma dedicação assustadora, as competições geralmente são realizadas nos melhores lugares de cidades badaladas, o que nos permite conhecer ao menos os pontos turísticos ao lado dos amigos que fazemos nos circuito. Em Vegas, para onde sempre viajamos, já deu até para visitar cenários menos famosos, que considero ainda mais fenomenais que as figurinhas carimbadas da região. Mas adoro as apresentações do Cirque du Soleil, o espetáculo Le Reves, os cassinos e tudo o que aquela Disneylândia para adultos oferece”, conta Akkari.

Sem ligar para a fama baladeira da Cidade do Pecado, o brasileiro gosta tanto de Las Vegas que costuma levar a família toda para lá. “Passo dois meses por ano na cidade e tenho a chance de curtir lugares como o Lake Mead, lago artificial enorme onde dá para praticar diversos esportes aquáticos. Minha esposa e minhas filhas amam esse lugar. Elas ficam loucas quando alugamos uma lancha e passamos o dia por lá”, revela o campeão mundial.

Acostumado a rodar o mundo desde o tempo em que era piloto de automobilismo, Gualter Salles, que nasceu em Niterói (RJ) e joga pôquer profissionalmente desde 2007, é mais um brasileiro que celebra o fato de unir o que gosta de fazer à possibilidade de viajar. “Por conta do pôquer, já passei por Argentina, Chile, Peru, Costa Rica, México, EUA, Inglaterra, França, Alemanha, Mônaco e Bahamas. Esta última é minha favorita, graças ao maravilhoso resort Atlantis. É ótimo mesclar o trabalho com a chance de conhecer culturas diversas, aproveitar os hotéis luxuosos e praticar esportes”, diz Salles.

Já a carioca Maria Eduarda Mayrinck, a Maridu, uma das brasileiras mais bem sucedidas no circuito mundial, ressalta que conhecer o lugar para o qual viaja a trabalho é algo que está sempre em segundo plano, pois isso geralmente significa o insucesso na competição. “Mas sempre que posso estendo a estadia nos destinos que mais gosto, como Paris (França), Londres e Áustria. Assim, aproveito para ir a bons restaurantes, visitar museus e conhecer a história desses lugares, algo que me encanta”, completa.

Divulgação/VisitBritain
Mesas do campeonato mundial, que será realizado entre 17 e 20 de novembro, terão como palco a London Eye, famosa roda-gigante de Londres

O outro lado

Nem só de ‘ases’, porém, é feita a vida itinerante dos jogadores de pôquer. Além de levar a concentração a níveis extremos, fazer e desfazer malas sem parar e encarar continuamente longas esperas nos aeroportos, muitas vezes, por conta dos campeonatos, eles se metem em roubadas. A capital da Costa Rica, San José, por exemplo, é quase que unanimemente citada como um lugar para o qual eles não gostam de viajar.

“Essa cidade é um terror. Trânsito, chuva que não para, violência. Não volto nunca mais”, afirma Mojave. “Tomei horror a San José desde a primeira vez que fui até lá para jogar um torneio, pois fui deportada por não ter sido vacinada contra febre amarela. Acho que a lei específica sobre o assunto tinha acabado de ser implementada no país e eu não fui avisada. Fui ofendida no aeroporto e tive de, literalmente, pegar o primeiro avião de volta para casa. Terrível”, revolta-se Maridu.

Tanto ela quanto Mojave, porém, ressaltam que Playa Conchal, praia situada na costa pacífica da Costa Rica, onde estiveram durante a disputa de um torneio latino-americano, é um lugar maravilhoso para viajar. A opinião é compartilhada por Akkari. “Caso um dia vá à Costa Rica, evite San José que, embora tenha um povo simpático e divertido, é muito desagradável. O esquema é seguir direto para as praias, como Playa Conchal, que tem um resort sensacional”.

Sonho possível

Embora pareça um sonho distante, viajar pelo mundo para jogar pôquer, atividade reconhecida como esporte da mente (como o xadrez) em 2010 pela International Mind Sports Association (IMSA), é algo que não está ao alcance apenas de profissionais e milionários frequentadores de cassinos. Qualquer um que tenha habilidade com as cartas pode apostar suas fichas em campeonatos gratuitos promovidos por sites como PokerStars.com e Full Tilt Poker, nos quais os primeiros entre milhares de inscritos ganham o direito de participar de torneios ao lado das grandes estrelas do esporte.

“Passei 27 dias disputando mesas online com alta dose de concentração, mas valeu a pena”, afirma Raphael Velasco, jogador amador que esteve no America's Cup of Poker 2011, realizado em agosto em Punta del Este (Uruguai). “Nunca tinha saído do país e foi uma oportunidade esplêndida. Fiquei em um belo resort, comi ótimos frutos do mar e mergulhei em piscinas quentes”, relembra.

Quem teve a mesma oportunidade foi Fernando Macedo, que se arrisca no mundo do pôquer há cinco anos e, após garantir a vaga nos torneios via internet, aproveitou até para levar a mulher para Punta del Este. “Usamos o pouco tempo que sobrou entre os jogos para curtirmos o cassino, a piscina e os restaurantes do hotel, que era bem legal. Espero viver essa experiência outras vezes”, completa.

PAULO BASSO JR.
Colaboração para o UOL



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