segunda-feira, 17 de outubro de 2011

PRAIA DO ROSA - Maravilha Natural

 
 
Beleza natural e baleias franca fazem da Praia do Rosa destino de encher os olhos

Ver baleias franca de perto pode ser uma experiência transformadora. Existe uma grandeza singular no jeito que elas se movimentam, brincam, saltam. E uma audácia ainda maior na sobrevivência da espécie a séculos de caça às baleias. Quem vê tem certeza de estar diante de seres superiores da natureza. As baleias franca austrais migram da Antártida para a Argentina, para o sudoeste da costa africana, para Austrália e Nova Zelândia, e também, que sorte, para o sul do Brasil, para Santa Catarina, onde literalmente convivem com moradores e turistas, de julho a novembro.

A Praia do Rosa, no município de Imbituba, 80 km ao sul de
Florianópolis, é o principal destino turístico para a observação de baleias franca no país. O balneário tem farta estrutura de hospedagem e acesso fácil para outras praias onde os mamíferos gigantes são avistados com freqüência, como Ibiraquera. No Rosa, é possível ver baleias desde os chalés de algumas pousadas, como as localizadas no Caminho do Alto do Morro, ou a qualquer hora do dia, na beira da praia.

No Brasil, a caça às baleias é proibida por lei federal desde 1987. Sete anos depois, o governo de Santa Catarina declarou a baleia franca como Monumento Natural do Estado e, em 2000, foi criada por decreto a Área de Proteção Ambiental da Baleia Franca. A APA abrange cerca de 130 km de costa, praias e lagoas, desde o sul de Florianópolis até o balneário de Rincão.

Com este entorno receptivo à reprodução dos mamíferos, sem trânsito de grandes embarcações ou poluição sonora, a presença de baleias franca no país vem crescendo a cada temporada. Em setembro de 2008, pesquisadores em vôo de helicóptero contabilizaram 156 baleias franca no sul do Brasil, a maioria delas em Santa Catarina. Em toda a costa da América do Norte, o número de baleias franca boreais, ameaçadas de extinção, não passa de 400.
ENCANTOS DO ROSA
Divulgação
Baleias franca chegam pertinho dos botes dos turistas
Cris Gutkoski/UOL
Trilha para a Praia Vermelha
Luís Ferrari/Folha Imagem
Vista do mar em uma das pousadas da região da Praia do Rosa
Tiago Navas/Folha Imagem
Surfista australiano participa de torneio de surfe internacional
JÁ FOI A PRAIA DO ROSA?
MAIS FOTOS DA PRAIA DO ROSA
Os turistas não precisam sobrevoar os mares e podem enxergar várias baleias por dia de duas formas, de julho a novembro: desde as praias como Rosa e Ibiraquera, onde elas circulam em águas rasas, a apenas 50 m ou 100 m da orla, ou fazendo a observação embarcada, em botes especiais que partem da Praia do Porto e se dirigem a áreas com grande concentração de baleias, em alto mar.

As viagens de bote se realizam desde 1998 e são seguras, cheias de adrenalina, mais uma aventura do que um plácido passeio. O bote sacoleja muito e fica difícil fotografar. Dica: é melhor filmar, para garantir alguma imagem completa. O biólogo da tripulação registra cada baleia avistada e vai explicando o comportamento dos animais. Os filhotes, por exemplo, batem com a cabeça no corpo da mãe pedindo para mamar, e a fêmea expele dezenas de litros de leite na água, um líquido quente e espesso. As baleias que viajaram milhares de quilômetros para dar a luz estão sempre na cola dos bebês de quatro toneladas, impedindo que eles se percam. Usam a comunicação sonora e são capazes de gestos de extrema ternura, como boiar de barriga para cima carregando o filhote no corpo, mexendo as nadadeiras peitorais como quem passa a mão no dorso do bicho.

Um salto de baleia franca é uma imagem próxima do sobrenatural. Não há guindastes em alto mar, nem motores envolvidos na operação, e de repente um corpão de 40 toneladas vem do fundo e se ergue, por vezes de costas, o que configura um salto mortal. Os machos em busca de acasalamento chegam a fazer isso repetidas vezes quando há fêmeas nas redondezas, para impressioná-las com sua força e agilidade. Não deve ser fácil seduzir uma baleia.

Encerrada a temporada anual dos cetáceos, no inverno e na primavera, as estrelas da Praia do Rosa voltam a ser os surfistas, as namoradas dos surfistas, as pranchas dos surfistas e a geografia especial do balneário, considerado uma das 30 baías mais belas do mundo.

Dependendo da localização da hospedagem, caminhar até a praia significa percorrer trilhas de mata nativa, coloridas por jardins floridos, morro acima e morro abaixo, e ainda atravessar uma lagoa de canoa. Grande parte das estradas e ruelas não tem calçamento. Quando chove, a lama toma conta, as pedras deslizam, e caminhar à noite até um restaurante deixa o visitante se sentindo um desbravador. Lanternas são tão essenciais quanto binóculos para enxergar baleias.

O conforto rústico-chique do Rosa se revela nas suas pousadas e no aconchego de vários de seus restaurantes, uns com vista para o pôr-do-sol nas montanhas, outros com janelões abertos para as baleias brincando nas ondas. Das sofisticadas às simples, as hospedagens integram a arquitetura à natureza, e em lugares assim o primeiro impulso é abrir as cortinas para que o verde das árvores entre logo no quarto.

Bucólica, a paisagem preserva inesperados retratos da zona rural, com bezerros e bovinos de grande porte pastando no quintal das casas ou na beira das lagoas. As lagoas, aliás, algumas a poucos passos do mar, são outra face da Praia do Rosa a encher os olhos dos turistas. E a presenteá-los como lugar do banho das crianças ou de exibições de kitesurfistas e windurfistas.

As baleias, aquelas fofas, não vêm no verão, quando a alta temporada lota as praias de corpos bronzeados e a vida noturna passa a existir. O inverno registra as baixas temperaturas tradicionais dos Estados sulistas, os nativos circulam de ponchos, e nessa época a Praia do Rosa fica meio deserta, mesmo nos finais de semana. O calor possível vem da visão das baleias franca. Pergunte a um morador por que razão as baleias fazem piruetas, e quem as vê todos os dias, há anos, tem a resposta pronta: 'Porque elas são felizes aqui'.




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